terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Falta

Sinto falta...

Mas o que é falta?

A falta será um beijo daqueles que te fazer esquecer o mundo em volta?

Ou seria a falta daquele abraço que envolve o corpo e, ainda mais, protege o espírito de qualquer dúvida e sentimento de solidão?
Seria aquele sorriso aberto ou aquela risada que contagia, fazendo com que nenhum tempo seja suficiente para contemplá-los?
Talvez falta seja a careta e o jeitinho de falar que fazem sorrir e pensar que há uma eterna criança chamada alma dentro desse corpo.
Ou aquele olhar brilhante, que esconde enigmas e transparece sentimentos, seja a falta q sinto?
Será a cumplicidade, os sonhos e os planos incertos o que chamo de falta?

Quem sabe a soma de tudo isso e mais, bem mais, seja a definição de falta.
Quem sabe a falta que sinto seja o sentimento de que não fiz tudo o que deveria pra não sentir a falta que sinto.

Não sei se falta é ausência...
Só sei que a falta não me faz falta...
O que falta é não sentir a ausência de quem me faz falta.

Acho que ainda não sei o que é a falta, só sei quem faz a falta ser sentida.

Sinto falta...


Que o poder dos bons sentimentos esteja com vocês

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

50-24

A última postagem projetava "meus 50 anos"...


... hoje me encontro há exatamente 24 anos antes de tal acontecimento e me bate aqueles momentos de reflexão de quem sou nesse momento e quem serei no próximo ano.


Costumo brincar que, passando da metade da casa dos 20, deixo de ter 20 e poucos para ter 20 e tantos. rs


Nesse momento passo por uma situação de inquietação, dúvida, ou sei lá o que.


Completo 26 anos...


Se tratando do setor profissional, curso Comunicação Visual, entendo bem de informática, trabalhei muito com vendas, me sinto maravilhosamente bem no ambiente teatral, de relações humanas e afins. Bastante coisa, né?


Pois é, uma quantidade de coisas que se equivale a quantidade de vezes que me pergunto:


"Mas, afinal, o que eu quero fazer da vida? O que eu quero ser quando crescer?"


Não sei responder a esta pergunta, nem sei se um dia saberei. 


O fato é que sinto que arrisquei pouco até hoje.


Dos 15 aos 22 anos, busquei estabilidade profissional sem pensar no que realmente queria. 
Dos 22 para cá parece que nada me apetece de verdade. Meus projetos, que antes duravam anos, hoje não passam de meses.


Essa inquietação me dá receio de ser eternamente "nômade" nas coisas que faço, mas a "estabilidade" me cheira a monotonia e, isso sim, me enjoa só de pensar.
Não me cobro, mas espero encontrar meu caminho (ou um dos milhares que ainda trilharei) nestes próximos 365 dias.


Do ponto de vista pessoal, o último ano foi cheio de conturbações em relacionamentos de amizade.
A escola e o teatro trouxeram novas e proveitosas relações, que espero que se façam durar.
Com relação aos amigos mais "antigos", olho em volta e me pergunto: "Onde está todo mundo?"
Laços que pareciam extremamente apertados, hj se mostram desatados. Isso não é algo que me agrada mas, infelizmente, me conformei com essa situação. 
Que fique o que é pra ficar, que se vá o que tem que ir e que as vidas sigam seus fluxos.


"Todo sopro que apaga uma chama, reascende o que for pra ficar". Frase clichê pra quem gosta de TM, mas válida para comentar que, por meio desse gosto musical, ganhei relações de amizade que muito me ajudaram em crescimento.


Parece que tudo mudou neste último ano, mas uma parte importantíssima se mantém. 
Talvez a única certeza nesses tempos de "crise", uma pessoa de 1,50 e pouco segue me dando motivos pra sorrir, rir e gargalhar, assim como descobrir e redescobrir, a cada momento de carinho ou discussão, o valor do respeito entre duas pessoas.


Fazia um certo tempo que não escrevia desabafos por aqui.
Foi a forma que encontrei para "auto-desejar" boas vibrações para o próximo ciclo, para agradecer à vida por me permitir viver esses 26 anos e manifestar meu respeito por aqueles que estão ou estiveram presentes neste 25º ano de existência desse que vos escreve.


Encerro estes escritos com uma saudação que tem habitado meus pensamentos nos últimos dias.


Ao próximo ciclo e à todos que farão parte dele. Evoé!!!




Que o poder dos bons sentimentos esteja com vocês

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Meus 50 Anos [ou "Interrogações"]

Ontem fui assistir à peça "Música Para Ninar Dinossauros", no Espaço Parlapatões.

A peça conta a história de três amigos de longa data que, prestes a completar 50 anos, falam de sua amizade, suas histórias...

... um trecho do texto dizia, mais ou menos isso:

"Somos uma geração que chegou sempre atrasada. Durante a ditadura, éramos apenas moleques. Não estávamos nem ai pra porra nenhuma. Na época de derrubar o Collor, já estávamos muito velhos pra pintar a cara e sair às ruas."

O fato é que, por essas e outras palavras e cenas, me peguei a pensar um pouco sobre a minha geração e sobre a minha própria vida.

Tenho 25 anos, metade dos 50 dos personagens.

Nesses 25, o que fiz para ser lembrado como ato importante?
Pelo que eu luto?
Por qual "causa" essa minha geração luta?
Qual são os fatos que, daqui a 25 anos, serão lembrados da minha juventude?
Quais são as paixões que tenho?

E também, quem são (se os tenho) os amigos com quem poderei, 25 anos após escrever esse texto, sentar num sofá pra conversar sobre essas "glórias" ou "fracassos", melancolicamente ou não.

Aliás, deixo os "25 anos depois" de lado e projeto um tempo menor...

... O que terei, daqui a 5 anos, como lembrança desses anos vividos?


Quais das paixões de hoje que carregarei, quais ideologias atuais defenderei...

... São tantas perguntas. Na verdade, são tantas inquietações e, até mesmo, tanto receio de que nada de memorável aconteça.


Nos momentos atuais, nós, jovens, nos apegamos (ou somos obrigados a nos apegar) tanto a perguntas como "O que vamos estudar?", "Em que vamos trabalhar?", "Quanto vai ganhar?" e nos esquecemos de refletir sobre os valores que realmente importam:

"O que estamos aprendendo nos satisfaz?", "Temos paixão pelo que fazemos?", "Me sinto recompensado pelo que faço?".


Estas perguntas me inquietam bastante e, às vezes, me fazem ter medo dessa inquietação.

Mas esse medo não é mais forte que as convicções que criei, diante de tanta acomodação que, muitas vezes, me cerca:

Será que o que vale é estudar ao invés de aprender?
Quando o verbo "trabalhar" tomou o lugar da expressão "se realizar"?
Em que momento a palavra "recompensa" foi suprimida dos dicionários e substituída por um cifrão?


Escrevendo esse texto, percebi que tenho muitas perguntas.

E, ainda seguindo minhas convicções, se tenho perguntas, terei respostas. Venham elas em 5, 25 ou 50 anos!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

[Re] Feitoria

Texto entregue como trabalho de LTT (Linguagem, Trabalho e Tecnologia)
ETEC Carlos de Campos


Uma escola.

Pode haver melhor lugar para se encontrarem diferentes pessoas, personalidades, sentimentos e afinidades?

É um ambiente propício para se criarem laços que duram anos, meses ou mesmo alguns dias, mas que são suficientemente fortes para serem lembrados por toda uma vida.
Foi no refeitório da escola que a vida proporcionou o encontro de Felipa, Maria Fernanda e Coralina.
Sentadas à mesma mesa contavam suas historias, compartilhavam sonhos, tentava esclarecer dúvidas e entender “como a vida funcionava”.

Felipa, filha de um militar e uma enfermeira, vivia com a avó materna. Durante as longas ausências dos pais, causadas pelas missões internacionais para as quais eram convocados, era a avó que zelava pela educação da neta.
Nas conversas com as colegas, Felipa sempre demonstrava interesse por questões sociais e políticas, com afinidade especial aos assuntos relacionados às guerras e suas conseqüências. Seu desejo mais forte era que a diplomacia tivesse mais força que a violência, para que famílias não fossem separadas, fosse pela obrigação de “defender a Pátria” ou pela desventura de baixas civis nos confrontos.

Maria Fernanda, a menina abastada, relatava o que havia visto em suas viagens pelo mundo, que aconteciam em companhia de sua tutora que, desde a partida de seu pai, era a mais fiel amiga.
Mafê -como era chamada entre as colegas- espelhando-se em sua tutora, tinha especial interesse por assistência à pessoas em situação de risco. Sempre que possível, visitava abrigos e comunidades menos favorecidas, se valendo de seus recursos financeiros para auxiliar na alimentação, vestuário e formação dos moradores destes locais.

Sentada entre as duas colegas, estava Coralina. Menina de família humildade, filha de operários da fábrica de papel da cidade.
A diversão de Coralina se dava quando os pais lhe traziam pedaços de papéis coloridos, onde ela escrevia, com um lápis já apontado pela metade, as impressões que tinha sobre o mundo que a cercava.
Durante os encontros no refeitório, Coralina criava histórias baseadas nos relatos das colegas. Sonhos, medos, o dia-a-dia, tudo era registrado nos papéis da garota.
Era a que menos se manifestava. Não falava muito sobre seus sonhos e planos, mas as colegas imaginavam que gostaria de ser escritora.

Após muitas tardes de confissões, sonhos e momentos compartilhados, o fim do ano letivo chegou e as garotas imaginaram que o refeitório não seria mais o ponto de encontro para aquela amizade, que rendeu tantos papéis coloridos pelas mãos de Coralina.
Sabendo que uma seguiria um caminho, despediram-se e desejaram, reciprocamente, que um dia pudessem se reencontrar.
Enfrentaram, cada uma à sua maneira, os desafios e medos, viveram sonhos e alegrias, “descobriram o que era a vida”, como pressentiram, curiosa e simultaneamente, seus pais e tutores.

Era inverno e na cidade natal das garotas, há tanto tempo “deixada para trás”, acontecia um seminário sobre causas sociais, com participação de diversos setores da sociedade.
No momento de pausa das atividades, no refeitório o destino se encarregou, de reunir, mais uma vez, Felipa, Embaixadora pela Paz, e Maria Fernanda, Secretária da Juventude, que receberam, poucos instantes depois, menções honrosas pela atuação em favor dos necessitados.

A mediadora do seminário, responsável pela entrega das homenagens, foi a jornalista Coralina, que escreve esta matéria e a encerra desejando que as atitudes pela paz sejam sempre mais noticiadas que os fatos de violência.