segunda-feira, 31 de maio de 2010

Meus 50 Anos [ou "Interrogações"]

Ontem fui assistir à peça "Música Para Ninar Dinossauros", no Espaço Parlapatões.

A peça conta a história de três amigos de longa data que, prestes a completar 50 anos, falam de sua amizade, suas histórias...

... um trecho do texto dizia, mais ou menos isso:

"Somos uma geração que chegou sempre atrasada. Durante a ditadura, éramos apenas moleques. Não estávamos nem ai pra porra nenhuma. Na época de derrubar o Collor, já estávamos muito velhos pra pintar a cara e sair às ruas."

O fato é que, por essas e outras palavras e cenas, me peguei a pensar um pouco sobre a minha geração e sobre a minha própria vida.

Tenho 25 anos, metade dos 50 dos personagens.

Nesses 25, o que fiz para ser lembrado como ato importante?
Pelo que eu luto?
Por qual "causa" essa minha geração luta?
Qual são os fatos que, daqui a 25 anos, serão lembrados da minha juventude?
Quais são as paixões que tenho?

E também, quem são (se os tenho) os amigos com quem poderei, 25 anos após escrever esse texto, sentar num sofá pra conversar sobre essas "glórias" ou "fracassos", melancolicamente ou não.

Aliás, deixo os "25 anos depois" de lado e projeto um tempo menor...

... O que terei, daqui a 5 anos, como lembrança desses anos vividos?


Quais das paixões de hoje que carregarei, quais ideologias atuais defenderei...

... São tantas perguntas. Na verdade, são tantas inquietações e, até mesmo, tanto receio de que nada de memorável aconteça.


Nos momentos atuais, nós, jovens, nos apegamos (ou somos obrigados a nos apegar) tanto a perguntas como "O que vamos estudar?", "Em que vamos trabalhar?", "Quanto vai ganhar?" e nos esquecemos de refletir sobre os valores que realmente importam:

"O que estamos aprendendo nos satisfaz?", "Temos paixão pelo que fazemos?", "Me sinto recompensado pelo que faço?".


Estas perguntas me inquietam bastante e, às vezes, me fazem ter medo dessa inquietação.

Mas esse medo não é mais forte que as convicções que criei, diante de tanta acomodação que, muitas vezes, me cerca:

Será que o que vale é estudar ao invés de aprender?
Quando o verbo "trabalhar" tomou o lugar da expressão "se realizar"?
Em que momento a palavra "recompensa" foi suprimida dos dicionários e substituída por um cifrão?


Escrevendo esse texto, percebi que tenho muitas perguntas.

E, ainda seguindo minhas convicções, se tenho perguntas, terei respostas. Venham elas em 5, 25 ou 50 anos!

10 comentários:

Nani - Mariane Magossi disse...

Realmente agora me peguei a pensar sobre isso...

"Nos momentos atuais, nós, jovens, nos apegamos (ou somos obrigados a nos apegar) tanto a perguntas como "O que vamos estudar?", "Em que vamos trabalhar?", "Quanto vai ganhar?" e nos esquecemos de refletir sobre os valores que realmente importam:"

E sobre essa fala, concordo plenamente e penso nisso tbm...

Nós jovens somos tão acomodados com oq acontece, "ninguem" luta mais pelos seus ideias, "ninguem" mais pinta a cara e vai a luta pelo q acha certo ou errado... Não sei se nasci numa época errada mais tenho vontade um dia d fazer algum tipo de manifestação, alguma coisa que posso sentar e me lembrar, e falar eu tava ali, eu tentei mudar de alguma forma... Com 21 anos, se sentar pra contar oq já fiz, não teria nada!

Grazi disse...

Voce e muitos de nós podemos não ter em mente as respostas, mas metade do caminho nós já temos: as perguntas.
Questionar-mos a nós mesmos (não, isso não é uma redundancia) é a forma de (pro)CURAR as nossas inquietações.
Confesso que acredito que nós temos todas as respostas, mas elas estão encobertas pela nossa rotina, e pelo sistema em q vivemos.
Ler o seu texto, weber, me fez ficar mais próxima das minhas respostas. Uma delas é: quero encontra-lo daqui a 25 anos!
Beijos! Grazi

Anônimo disse...

Olha eu acho que nossa geração luta sim, não todos... mas há quem lute!!! Temos aí a ficha limpa rodada por toda internet, a lei Azeredo.... tantas ferramentas temos pra impor nossos direitos, nossa voz...
E querendo ir de forma física, é só se informar e ir. Tem quem queira!!! Acho que temos sorte, perante aos ciquentões... temos VOZ... e eles eram censurados... basta sabermos usar essa voz.

Fran disse...

É Weber,realmente nossa geração vive na época do descartável,na época em que o dinheiro vale mais,na época do comodismo,somos influênciados 24h e mal percebemos,e quando percebemos acabamos não fazendo nada por comodidade ... Acredito que uma grande parte dos jovens faz as mesmas perguntas que vc,mas poucos buscam a resposta.

Guilherme Holanda disse...

Cara! Direto me faço essas perguntas...e a resposta está onde me dedico...eu quero ser lembrado pelo que sou e tentei ser...nem que apenas algumas poucas pessoas me tenham guardado na memória...fico feliz de realmente parar de pensar friamente, e correr atrás daquilo que me satisfaz, aquilo diz quem eu sou...Seu texto é capaz de abrir a mente das pessoas sobre esses assuntos...parabens maninho!

Jyn disse...

Acho que no dia em que eu me responder essas perguntas, terei chegado no meu objetivo, que é deitar com a cabeça no travesseiro com a sensação de dever cumprido! =) e acho que isso seria daqui há uns 25 anos.. hahaha . ;)

Maria Andrade disse...

A peça também me inspirou muitas perguntas. Mas tenho uma visão diferente sobre "geração", eu já não me sinto parte de geração alguma. Sinto que tneho que lutar pelos meus ideiais sem precisar desses esteriótipo de uma determinada geração. Há tanta coisa pra lutar, que nossa "geração" não pode escolher apenas uma delas! Vamos levantar do sofá e fazer alguma coisa? \O/

Anônimo disse...

E não é que pensar na vida nos faz viajar em pensamentos inalcançáveis...chegando em épocas nas quais pensamos...não...melhor...filosofamos feito grandes pensadores...
Na verdade...quando menos esperamos...tudo que dissermos...fizermos...ouvirmos...vai sair de nossas bocas...se perder pelo mundo...e vai voltar...certamente 5, 25, 50 anos depois...
Um maravilhoso texto nascido de uma maravilhosa reflexão...

Parabéns meu caro!

Sentir disse...

Perguntas clássicas, que queremos respostas, mas num tempo onde tudo é corrido, que num piscar ja foi.
Tudo o que sentimos passa sem perceber, num ruflar.
Acho... Não tenho convicção...
Que tudo que passamos há um motivo pra sermos assim.
Contaremos com nossos amigos, nossos inimigos, para nos formar quem somos.
Daqui a 25?
Deixa passar!!! Só lembre sempre do que fez e do que é, mesmo que isso não seje o que vocÊ tivesse vontade de ser...
Ou seja, tenha a vontade de ser. Ser uma pessoa que tentou fazer algo de bom, porque daqui a 25?
Você será, você.
E isso que importa.

Jujuba disse...

nossa geração é a geração fo "futuro" mas pensamos tanto no nosso futuro pessoal que acabamos por esquecer o futuro do todo, vendo o passado pensamos que poderiamos ter feito algo naquela epoca e nos esquecemos que podemos fazer algo agora...as gerações futuras vão ler a nossa historia e pensar que poderiam ter feito muita coisa no nosso lugar...